quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Rumu a Pequim


Estamos com muitos sono, e tudo isso se deve aos Jogos Olímpico de Pequim. Eu e muitos brasileiro estamos acordando mais cedo,ou dormindo mais tarde para tentar acompanhar as Olimpíadas, que é o meu caso. Muitas vezes somo compensados com os esforço de nossos atletas, que é o caso das mulheres em geral, essas sim estão dando o seu suor para que aqui nós simples brasileiro, aqui e em qualquer lugar que estivermos, ter esse orgulho de ser brasileiros: Futebol feminino, volei, jodô e outras lutas, natação, vela e outros mais que não vem a memória. Aquilo é que dar orgulho de dizer eu sou brasileiro. Mas também não vamos deixar que muitos homens estão fazendo o seu dever. Gostei muito do César, deu vontade se chorar quando cantaram o nosso Hino. Deve ser uma sensação incrível estar lá em cima com aquela medalha no peito, é sonho de todo atleta. Foi merecido estar lá, mas ele não estava sozinho, estava com ele talvez uns 180 milhões de brasileiros. Não dava para ver mas tinha. Aquelas lágrimas eram o nosso orgulho.

Mas parece que os meninos do futebol não pensam assim, deveriam ver e rever o jogo das meninas, se inspirar nelas. Tudo pode acontecer numas partida de futebol, mas o que espera era que quando eles vestisse esse manto sagrado pensasse que estivesse colocando não só um trage mas o sonho de muitos brasileiro e desse um pouco do são capaz. Não adiantar ter muitos craques se esse não tem nenhuma atitude.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Os principais estilos ...



A um espetador não conhecedor, o estilo de Karatê praticado por este ou por aquele clube dá a sensação de não fazer diferença nem apresentar uma especial particularidade. Porém, para os praticantes dos diversos estilos, as diferenças de concepção de técnica e mesmo das bases fundamentais, são bem distintas e muitas vezes, infelizmente, irredutíveis. Cada um julga estar na posse da verdadeira ciência e do verdadeiro segredo, caminhando, pois, na via do Karatê que considera melhor. Esses pontos de vista assemelham-se muitas vezes ao fanatismo das religiões e desembocam como essas religiões, no mesmo fim. Há uma grande multiplicidade de "escolas" com diferentes estilos de Karatê. No Japão podemos contar 15 ou 20 diferentes. Estas serão as mais válidas, pois estão mais codificadas, estabelecendo o programa de ensino através dos Katas e indicando ainda os Katas necessários a uma progressão de graduação. Dessas escolas, só falarei das cinco mais importantes e conhecidas na Europa.
O Shotokan – J.K.A
O lema do estilo Shotokan, o mais codificado e diretamente ensinado e estabelecido pelo mestre Gichin Funakoshi e seu filho Yoshitaka Funakoshi, é "força, velocidade e endurance". No entanto, em princípio, é uma técnica baseada no trabalho a longa distância e em contração de movimento. Os Katas oficiais são os Taykyokus, Heians, Tekkis, Kankus e Bassai, hoje editados minuciosamente em magníficos volumes por Masatoshi Nakayama, chefe instrutor da Japan Karatê Association. Contudo, mesmo no seio do Shotokan, existe ainda nova cisão baseada no ensino dos mestres Egami e Harada, Oshima e Murakami, que dirigem a Escola Shotokai. É um estilo muito fechado, que se detém, sobretudo, sobre o aspecto mental do Karatê. O Shotokan é o estilo mais difundido na Europa (agrupando cerca de 70 por cento de efetivos do Karatê no exterior do Japão) talvez por ser a técnica mais racionalizada e com uns programas didáticos mais definidos, mais sóbrios e clássicos.
O Kiokushinkai
Não poderia deixar de citar o estilo Kiokushinkai, do Mestre Masutatsu Oyama. Oposto ao Shotokan, tem de espetacular o que o Shotokan e o Shotokai possuem de sobriedade. Os volumes do Mestre Oyama estão recheados de proezas fantásticas em testes de quebra (Swiwari). Os Katas são mais complicados e pouco conhecidos na Europa: Osurhiho, Seienchin, Garyu, etc.. A guarda de combate é estabelecida a partir de Neko-Ashi-Dachi, posição que define praticamente a particularidade do estilo Kiokushinkai. Este método é praticado em todo o mundo e bastante difundido na América, onde mestre Oyama efetou um tournée que deixou todo o público abismado com tal potência.
O Goju-Ryu
Esta técnica é a tendência de estilo do velho Mestre Higaonna. Este verdadeiro gigante, de forças hercúleas, era partidário das blocagens estáticas, para dai poder efetuar o contra-ataque em contração máxima. Daí resulta uma série de movimentos e posições mais altas e de pouca amplitude, mas de tremendo poder. Os Katas desta escola são os Sanchin, Tensho, Sanseru, Suparinpei , etc.. Este estilo é pouco estético e elegante, mas muito eficaz no combate próximo. O lema deste estilo é: "Á força opõe a surpresa, à surpresa opõe a força". O mestre atual é o Mestre Morio Higaonna, 9º Dan. Também deste estilo o mestre Gogen Yamaguchi, mais conhecido por "gato", que numa idade avançada mantinha uma forma excepcional dirigindo a Escola Associação Goju-Kai (sub estilo do estilo Goju-Ryu e praticamente desconhecido na Europa), com cerca de 6000 participantes. O mestre Gogen Yamaguchi faleceu em 1989 com 70 anos de idade. Uma das especialidades desta Escola é a execução dos Katas com uma respiração ventral sonora. Este estilo foi fundado no Japão por Chojun Miyagi e é praticado atualmente no Japão e na América. Gogen Yamaguchi, personagem e síntese do Zen-Karaté, 10.º Dan e patriarca do Goju-Kyu, é, com efeito, uma das figuras vivas que atestam o Karatê com forma quase sobrenatural. Sobrepõe-se, por isso, às querelas sobre a diferença dos estilos, tão apanágio nos graus mais baixas da Europa. Diz-se de Mestre Yamaguchi que o "seu olhar é tão penetrante corno um tigre", e o seu "poder semelhante ao de um leão". De fato, a impressão do contacto com um karateca que atingiu o fim do caminho, ou mesmo com os seus discípulos, deve ser única, pois contratar com mestres cuja evolução em "completa visão", "completa compreensão", "completa ação", "completa vocação", *completa aplicação", (as verdades do Zen), é receber deles os meios de atingir o "completo acordar", o fim do Karate-Zen, o "sayori".
O Wado-Ryu
Este estilo é a concepção do Karatê inteiramente japonesa, criada depois da guerra pelo japonês Hironari Otsuka. Este aprendeu o Karatê de Funakoshi, separando-se depois deste para ensinar o seu estilo de Karatê. Este estilo, baseado particularmente sobre as posições altas e de técnicas na maioria baseadas sobre a esquiva, tem como Katas fundamentais de ensino os Pin-An, Kushaku, Seishan, etc.. Os Katas Pin-An, diferem relativamente pouco dos Heians, podendo considerar-se os Katas Heians, como diferenças de interpretação. O sistema de treino é menos penoso que o Shotokan, não existindo a concentração de potência e sendo os movimentos menos sincopados. Este tipo de Karatê é representado na França pelo Mestre Mochizuki, conselheiro técnico da Federação Francesa de Karatê, e em Inglaterra pelo Professor Suzuki, autor do livro "Karatê-Do Wado-Ryu".
O Shito-Ryu e as escolas Coreanas e Chinesas
A técnica representada em França por Nambu foi inventada e codificada pelo Mestre Kenwa Mabuni. É a técnica de competição ideal, visando, sobretudo o combate direto contra um único adversário (em contraste com o ideal do Karatê, que é combater um número de adversários sem limite), Possui interessantes Katas, que são também estudados na Escola Shotokan: os Shozuki, Saipa, Saifa, Kosoku, etc...

Desculpas

Olá pessoal que visitam esse blog, mim desculpe pela ausência, é estive um pouco doente, mas agora estar tudo bem. Muito obrigado.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Karatê tradicional parte 2


A meta da prática do Karatê Tradicional é conter e controlar o espírito de agressão e a busca do aprimoramento do caráter.
As técnicas do Karatê Tradicional visam essencialmente: A conquista do equilíbrio físico, mental e da autoconfiança; o desenvolvimento da intuição, para perceber o ataque do adversário antes mesmo do início do seu movimento; A capacidade de analisar o adversário, para prevenir-se contra surpresas; e a formação de hábitos de saúde.
O Karatê Tradicional estimula a percepção ensinando que antecipar e evitar é atitude mais sábia do que o confronto físico em si. "Nesta arte marcial não existe agressão na sua extensão e sim nobreza de espírito", domínio da agressividade, modéstia e perseverança. "Mas quando for nescessário defender sua honra"
O Karatê Tradicional é tido como um vetor de saúde, pois proporciona ao seu praticante aptidão física total ou seja, força, resistência, razoável flexibilidade articular e sistema cardiovascular com bom nível de capacidade aeróbica, Adequação psicosocial e desenvolvimento moral, além da sensação de bem-estar, redução dos níveis de ansiedade, auto-estima, melhoria da imagem física de si mesmo e auto-conhecimento.
A prática correta do Karatê Tradicional sob orientação de instrutores qualificados, traz benefícios inestimáveis as pessoas. Ela é motivada a evitar o envolvimento com vícios nocivos à saúde e à sociedade. Exercita o respeito a humildade, melhora a autoconfiança e proporciona um adequado desenvolvimento corporal, contribuindo para uma vida saudável.

sábado, 5 de julho de 2008

Karatê tradicianal


Dar socos e chutes é muito fácil de se dar e isso se aprende em muito pouco tempo, é só treinar firme que em um mês se aprende, mas não é isso o objetivo do Karatê é bem mais alem do que se aprende nas academias hoje em dia.
Infelizmente o fator competição tem sido a causa principal dos desvios dos princípios essenciais do Karatê, pensando apenas em criar campeões.
`` Praticar Karatê, a partir dos princípios do Budo, código de honra dos samurais, nos leva os caminhos do crescimento e sabedoria e isso nos torna ser mais sábios e humildes – como diz meus sensei Jorge Agustinho ``
É muito importante antes de tudo honrar a arte deixada pelos Grandes Mestres. Praticar o Karatê não só vestir o kimono e dar socos e pontapés, é considerar o Dojo como um campo de batalha; e o kimono como uma armadora; e nosso inimigo num kumite interminável. Ao treinar encarar o treinamento como se fosse o ultimo de nossas vidas, como muita atenção como se isso dependesse de nossa sobrevivência.
O verdadeiro Karatê nos tornar pessoas sábias para enfrentar atitudes negativas e inconscientes de um ser comum.
Num mundo com tantos contrastes é uma honra pertencermos à classe dos karatecas, verdadeiros guerreiros modernos. Pois praticar o Karatê na sua essência nos coloca dentro de uma sabedoria dos Nossos Ancestrais, que dedicaram as suas vidas ensinar pessoas com personalidades saudáveis para criação de um mundo bem mais justo e melhor.

terça-feira, 24 de junho de 2008

hieraquia do Karatê Shotokan


Masatoshi Nakayama nasceu em 6 de Abril de 1913, em Kanazawa, Japão. Oriundo de uma família de samurais e de instrutores de Kendo, desde cedo se interessou pela prática do Kendo e do Judô.Como, na infância foi educado na China, desenvolveu um grande interesse pela cultura deste país, visitando-o diversas vezes. Daí a inscrição na universidade de Takushoku, que na altura se especializara na formação de quadros para o trabalho no estrangeiro.Em 1932, no início dos seus estudos, resolveu retomar os treinos de Kendo, mas enganando-se no horário apresentou-se no dojo, quando a aula de Karatê estava a decorrer. Ficou de tal maneira entusiasmada, que foi convidado a voltar noutro dia para treinar.Os treinos decorriam sob a direção de Mestre Gichin Funakoshi e eram esgotantes, consistiam em 50 a 60 repetições da mesma Kata e treino de makiwara. Aproximadamente só 10 % dos estudantes continuavam mais de 6 meses.Para além das 5 horas diárias de aprendizagem das técnicas de Karatê, formou-se em cultura e língua chinesa.Em 1937, ao abrigo de um programa de intercâmbio, foi estudar para a Universidade de Pequim, e trabalhar para o governo chinês. Como se encontrava ausente, não participou na criação do primeiro dojo “Shotokan” e salvou-se dos horrores da 2º Guerra Mundial. Quando regressou ao seu país, finda a guerra, muitos dos seus colegas do Karate tinham morrido, e até o dojo tinha sido destruído num bombardeamento.Com o levantamento da proibição da prática do Karatê, pelas autoridades militares americanas, começa com outros alunos de Funakoshi a trabalhar na reorganização do Karatê.Em 1947, torna-se Instrutor Chefe da secção de Karatê da Universidade de Takushoku, passando mais tarde a ser o diretor de toda a parte de educação física da Universidade.Funda a JKA, e toma a seu cargo a elaboração dos programas técnicos da associação. Mais tarde, assume o cargo de Instrutor Chefe da Japan Karate Association.Em 1976, Sensei Masatoshi Nakayama, Diretor Técnico da JKA orienta um estágio em Portugal.Sensei Nakayama morreu em 14 de Abril de 1987, com 74 anos, deixando a JKA como a maior organização de Karatê do mundo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Hieraquia do Karatê- Shotokan


A história do mestre Gichin Funakoshi se confunde com a própria história do Karatê, por isso a ele é creditado o título de "Pai do Karatê Moderno", devido aos seus esforços em divulgar essa arte para o mundo.
Os primeiros contatos com o Karatê
Gichin Funakoshi nasceu em Shuri, Okinawa, em 1868, o mesmo ano da Restauração Meiji.
Funakoshi era filho único e logo após seu nascimento foi levado para a casa dos avós maternos, onde foi educado e aprendeu poesia clássica chinesa. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo. Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karatê, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começou a tomar suas primeiras lições de Karatê.
Como na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa de mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso. Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um kata em três anos". Funakoshi estudava cada kata a fundo e, só então quando autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo...
Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karatê, mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os treinando kata, fazendo comentários sobre suas técnicas. Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida de mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karatê.
Após vários anos, a prática do Karatê deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karatê, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda a cultura adquirida desde a infância quando seus avôs lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.
O Karatê começa a ser ensinado nas escolas de Okinawa
Em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de Karatê. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de Karatê passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o Karatê só era praticado atrás de portas fechadas, o que, no entanto não significava que fosse um "segredo".
As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karatê como sendo um segredo àquela época, não era exatamente isso o que se encontrava na prática. O Karate era "oficialmente" secreto...
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate que não eram a favor da divulgação da arte, Funakoshi trouxe o Karate até o sistema público de ensino, com a ajuda de Itosu. Logo as crianças de Okinawa estavam aprendendo kata como parte das aulas de Educação Física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa virou moda, e as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.
Alguns anos depois, o Almirante Rokuro Yashiro assistiu a uma demonstração de kata. Essa demonstração foi feita por Funakoshi junto com uma equipe composta por seus melhores alunos. Enquanto ele narrava, os outros executavam kata, quebravam telhas, e geralmente chegavam ao limite de seus pequenos corpos. Funakoshi sempre enfatizava o desenvolvimento do caráter e a disciplina nas suas narrações durante essas demonstrações. Quando ele participava, gostava de executar o kata Kanku Dai, o maior do Karate, e talvez o mais representativo. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que iniciassem o aprendizado na arte.
Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana.
Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão. Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.
O Karate chega ao Japão
Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado. Por causa disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração de Karate em Tokyo, numa Exibição Atlética Nacional. Ele aceitou imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar sua arte. Sua demonstração de kata foi um sucesso.
Funakoshi pretendia retornar logo para Okinawa mas, depois da exibição, ele foi cercado de pedidos para ficar no Japão ensinando Karatê.
Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano (foto ao lado), o fundador do Judo e presidente do Instituto Kodokan. Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações de suas técnicas no próprio Kodokan.
Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar à Okinawa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de Karatê em Okinawa e pediu que ele lhe ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.
Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o Karate propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida.
No Japão, Funakoshi foi ajudado por Jigoro Kano, o homem que reuniu vários estilos diferentes de Jujutsu para fundar o Judo. Kano tornou-se amigo íntimo de Funakoshi, e sem sua ajuda nunca teria havido Karatê no Japão. Kano o introduziu as pessoas certas levaram-o às festas certas, caminhou com ele através dos círculos sociais da elite japonesa. Mais tarde naquele ano, as classes mais altas dos japoneses se convenceram do valor do treinamento do Karatê.
Funakoshi fundou um dojo de Karatê num dormitório para estudantes de Okinawa, em Meisei Juku. Ele trabalhou como jardineiro, zelador e faxineiro para poder se alimentar enquanto ensinava Karate à noite.
O primeiro livro
Em 1922, a pedido do pintor Hoan Kosugi, Funakoshi publicou seu primeiro livro: "Ryukyu Kenpo Karatê", um tratado nos propósitos e prática do Karatê. Na introdução daquele livro ele já dizia que "...a pena e a espada são inseparáveis como duas rodas de uma carroça". O grande terremoto de Kanto em 1º de setembro de 1923 destruiu as placas de seu livro, e levou alguns de seus alunos com ele. Ninguém morreu com o tremor, os incêndios que provocaram as mortes. O terremoto ocorreu durante a hora do almoço, no momento em que cada fogão a gás no Japão estava ligado. Os incêndios que ocorreram a seguir eram monstruosos, e maioria da vidas perdidas se deveu ao fogo. Este livro teve grande popularidade e foi revisado e reeditado quatro anos após o seu lançamento, com o título alterado para: "Rentan Goshin Karate Jutsu".
Em 1925, Funakoshi começou a pegar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tokyo e nos anos seguintes esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar Karatê a estudantes destas escolas. Como resultado, o Karatê começou a se espalhar por Tokyo. No início da década de 30 haviam clubes de Karatê em cada universidade de prestígio de Tokyo. Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em Karatê desta vez? O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico. Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas. O seu número de alunos aumentou bastante.
Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas. Tanto o ataque de cinco passos (Gohon Kumite) como o de um (Ippon Kumite) foram usados. Em 1934, um método de praticar esses ataques e defesas com colegas de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre (Ju Ippon Kumite), foi adicionado ao treinamento. Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (Ju Kumite) com oponentes finalmente tinha começado. Até então, todo Karatê treinado em Okinawa era composto basicamente de kata. Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos kata uns com os outros sem causar danos sérios.
Neste mesmo ano de 1935, foi publicado seu próximo livro: "Karate-Do Kyohan". Este livro trata basicamente dos kata.
Uma reforma no Karate
Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto ele estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o Karatê se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos kata. Então, ele parou de fazer essas aplicações. Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.
Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate. O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão". Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio". De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato de o Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos. Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos kata, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto caipira (interiorano) de Okinawa. Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos kata. Ele estava certo, e seus números cresceram mais ainda.
Funakoshi tinha 71 anos em 1939, e foi quando ele deu o primeiro passo dentro de um Dojo de Karate em 29 de Janeiro. O prédio foi feito de doações particulares, e uma placa foi pendurada sobre a entrada e dizia: "Shotokan". "Sho" significa pinheiro. "To" significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas. "Kan" significa edificação ou salão. "Shoto" era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho dos pinheiros ondulando ao vento. Esse nome dado ao Shotokan Karatê Dojo foi uma homenagem de seus alunos.
A Segunda Guerra Mundial
Com a eminência de uma guerra pairando no ar, a necessidade de treinamento nas artes militares estava em crescimento. Jovens estavam se amontoando nos dojos, vindos de todas as partes do Japão. O Karatê foi de carona nessa onda de militarismo e estava desfrutando de uma aceitação acelerada como resultado.
Finalmente, no dia 7 de dezembro de 1941, o Japão comete seu grande erro. O bombardeio das forças navais americanas em Pearl Harbor fora a gota d'água. Numa tentativa de prevenir que as embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria-prima, os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência ocidental do próprio Oceano Pacífico. O plano era bombardear os navios de guerra e os porta-aviões que estavam no território do Hawaii. Isto deixaria a força da América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir a paz para prevenir a invasão do Hawaii e do Alasca. Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os recursos, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos. Com uma mão nas costas, os americanos destruíram completamente os japoneses na Ásia e no Pacífico.
Uma das vítimas dos ataques aéreos foi o Shotokan Karate Dojo que havia sido construído em 1939. Com a América exercendo pressão em Okinawa, a esposa de Funakoshi finalmente iria deixar a ilha e juntar-se a ele em Kyushu no Sul do Japão. Eles ficaram lá até 1947.
Os americanos destruíram tudo que estava em seu caminho. As ilhas foram bombardeadas do ar, todas as cidades queimadas até o fim, as colinas crivadas de balas pelos cruzadores de guerra de longe da costa, e então as tropas varreram através da ilha, cercando todo mundo que estivesse vivo. A era dourada do Karatê em Okinawa tinha acabado. Todas as artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças americanas.
Primeiro uma, depois outra bomba atômica explodiram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Três dias depois, bombardeiros americanos sobrevoaram Tokyo em tal quantidade que chegaram a cobrir o Sol. Tokyo foi bombardeada com dispositivos incendiários. Descobrindo que o governo do Japão estava a ponto de cometer um suicídio virtual sobre a imagem do Imperador, cartas secretas foram passadas para os japoneses garantindo sua segurança se eles assinassem sua "rendição incondicional". O Japão estava acabado, a Guerra do Pacífico também, mas o pesadelo de Funakoshi ainda havia de acabar.
A morte de Yoshitaka
Foi então que Gigo (foto ao lado), também conhecido como Yoshitaka, dependendo como se pronuncia os caracteres de seu nome, filho de Funakoshi, um jovem e promissor mestre de Karate no seu próprio direito, aquele que Funakoshi estava contando para substituí-lo como instrutor do Shotokan, pegou tuberculose em 1945 e veio a falecer enquanto teimosamente recusa-se a comer a ração americana dada ao povo faminto.
Funakoshi e sua esposa tentaram viver em Kyushu, uma área predominantemente rural, sob a ocupação americana no Japão mas, em 1947, ela morre, deixando Funakoshi retornar a Tokyo para reencontrar seus alunos de Karatê que ainda viviam. Depois que a guerra havia acabado as artes militares havia sido completamente banido. Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram sucesso em convencer as autoridades que o Karatê era um esporte inofensivo. As autoridades americanas concederam, mais porque naquela época eles não tinham idéia do que Karatê fosse. Além disso, alguns homens estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as proibições foram eliminadas completamente em 1948.
Em maio de 1949, o aluno de Funakoshi move-se para organizar todos os clubes de Karatê universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram de Nihon Karate Kyokai (Associação Japonesa de Karatê). Eles nomearam Funakoshi seu instrutor chefe. Em 1955, um dos alunos de Funakoshi consegue arranjar um dojo para a NKK.
Uma lição para o mundo
Em 1957, Funakoshi tinha 89 anos de idade. Ele foi um professor de escola primária e um professor de Karatê. Ele se mudou para o Japão em 1922 (o que não é um pequeno ato de coragem) e trouxe consigo o Karatê, dando ao Japão algo de Okinawa com seu próprio jeito pacifista. No processo, ele perdeu um filho, sua esposa, o prédio que seus alunos fizeram para ele, seu lar, e qualquer esperançam de uma vida pacífica. Ele suportou uma Guerra Mundial que resultou em calamidade nacional, e ele treinou seus jovens amigos e conheceu suas famílias apenas para vê-los irem lutar e serem mortos pelas forças invencíveis dos Estados Unidos. Ele viu o Japão queimar, ele viu os antigos templos e santuários serem totalmente aniquilados, ele viu bombardeiros enegrecerem o Sol, e ele viu como um pilar de fumaça negra subia de cada cidade no Japão e envenenava o ar que ele respirava. Ele viu o Japão cair da glória para uma nação miserável, dependendo de suprimentos de comida e roupas dos seus conquistadores. O cheiro da fumaça e o cheiro dos mortos, os berros daqueles que foram deixados para morrer lentamente, o choro das mães que perderam seus filhos e esposas que nunca mais iriam ver seus maridos, o medo, o ruído ensurdecedor dos B-29's voando sobre sua cabeça aos milhares, os clarões como os de trovões por todo o país quando as bombas explodiam em áreas residenciais, os flashes de luz na escuridão, a espera no rádio para poder ouvir a voz do Imperador pela primeira vez, somente para anunciar a rendição, a humilhação de implorar comida aos soldados. Intermináveis funerais, famílias arruinadas e lares destruídos...
A lição mais importante que ele nos ensinou está expressa na história do modo que ele passou pelo dojo principal de Jigoro Kano, o fundador do Judô. Caminhando pela rua, ele parou e fez uma pequena prece quando passou pelo Kodokan. E, se estivesse dirigindo um carro, ele tiraria seu chapéu quando passasse pelo Kodokan. Seus alunos não entenderam porque ele estaria rezando pelo sucesso do Judô. Ele explicou: "Eu não estou rezando pelo Judô. Eu estou oferecendo uma prece em respeito ao espírito de Jigoro Kano. Sem ele, eu não estaria aqui hoje".

Os treinos da Hien Kan

  A manhã foi dedicada a rigorosos treinos, incluindo Ippon Kumite, Sambon Kumite e Jiu Ippon Kumite. O Karatê conta com o Kumite, também co...