A Arte de Viver: Encontros na Academia Espartamus

A Arte de Viver: Encontros na Academia Espartamus

Na Rua Nova, 91, no coração de Rio das Pedras, RJ, há um lugar que se tornou mais do que uma simples academia. A Academia Espartamus é um templo onde o corpo e a alma encontram harmonia. Um refúgio de tranquilidade e aprendizado, onde cada movimento, cada técnica, é uma expressão do que é mais profundo em nós mesmos. Lá, as artes marciais não são apenas uma prática, mas uma filosofia de vida, um caminho de crescimento contínuo.

Ao adentrar as portas da Espartamus, o ar parece mais leve. Há algo de especial no ambiente: uma serenidade que envolve todos que cruzam seu limiar. É um local onde o tempo parece desacelerar, e cada passo dado no tatame ecoa o respeito e a sabedoria dos mestres que ali ensinaram e continuam a ensinar.

Entre os mestres que moldaram a Espartamus, o legado de Kioshi Benedito Nelson permanece vivo e forte. Embora ele não esteja mais entre nós fisicamente, sua presença é sentida a cada dia, em cada gesto, em cada ensinamento. Kioshi Benedito foi um mestre cuja visão transcendia a simples técnica das artes marciais. Com sua calma impressionante e olhar profundo, ele conseguia enxergar o que cada aluno precisava – seja no físico, seja no espiritual. Seus conselhos, que ainda ecoam nas memórias de todos que tiveram o privilégio de aprender com ele, sempre traziam uma lição profunda: "A verdadeira luta não é contra os outros, mas contra as limitações que colocamos em nós mesmos."

Shihan Sidi Gobbi, com sua disciplina rigorosa, é um exemplo de perseverança e resiliência. Cada movimento seu é a síntese do treinamento de uma vida inteira, mas o que mais impressiona é sua capacidade de inspirar os outros a buscarem o melhor de si, sem pressa, mas com constância. "A jornada é longa", ele diz, "mas é no caminho que encontramos a verdadeira vitória."

Shihan Jorge Agustinho, por sua vez, ensina com uma leveza que só quem conhece profundamente a arte pode transmitir. Ele não só ensina o físico, mas o mental e o espiritual. "O equilíbrio é a chave", ele lembra constantemente aos alunos, "é preciso encontrar o centro dentro de si para poder se adaptar ao que a vida traz." Suas aulas são um convite à reflexão e ao autoconhecimento.

Os Senseis Hercílio e Chagas Barros complementam essa rica tapeçaria de ensinamentos, trazendo em suas palavras e gestos a essência da humildade e da busca constante pelo aperfeiçoamento. Hercílio, com sua energia contagiante, motiva a todos a se superarem, enquanto Chagas, sempre atento aos detalhes, nos lembra que a verdadeira maestria reside na dedicação ao aprendizado contínuo.

Juntos, eles formam um time de mestres que transcende a simples prática das artes marciais. Cada um, à sua maneira, ensina não apenas a lutar, mas a viver com mais propósito. E, à medida que as horas passam e os alunos se entregam ao treino, o espírito da Espartamus se fortalece, criando um elo invisível entre todos que ali estão.

Mas o verdadeiro tesouro da Academia Espartamus não está apenas nas lições sobre técnicas de combate ou defesas pessoais. Ele reside na transformação que ocorre dentro de cada um. As artes marciais, ensinadas com o toque de sabedoria de mestres tão distintos, vão além do corpo. Elas são uma escola para a vida, onde o respeito, a disciplina, a humildade e a busca pelo equilíbrio são fundamentais. Ali, cada movimento se torna uma meditação, cada exercício uma oportunidade de se conhecer melhor.

À medida que o sol começa a se pôr, lançando uma luz suave sobre o tatame, um silêncio profundo toma conta do espaço. É o silêncio que acompanha a reflexão, o silêncio que, de alguma maneira, é preenchido pela presença dos mestres e pela energia dos alunos. Todos estão ali, juntos, não apenas para aprender, mas para viver a filosofia de um lugar onde a arte de lutar também é a arte de viver.

E é nesse silêncio que, mesmo na ausência do corpo de Kioshi Benedito Nelson, sua sabedoria continua a guiar a todos, lembrando-nos que a verdadeira serenidade é encontrada, não só no ato de lutar, mas na maneira como vivemos a nossa jornada.