terça-feira, 24 de junho de 2008

hieraquia do Karatê Shotokan


Masatoshi Nakayama nasceu em 6 de Abril de 1913, em Kanazawa, Japão. Oriundo de uma família de samurais e de instrutores de Kendo, desde cedo se interessou pela prática do Kendo e do Judô.Como, na infância foi educado na China, desenvolveu um grande interesse pela cultura deste país, visitando-o diversas vezes. Daí a inscrição na universidade de Takushoku, que na altura se especializara na formação de quadros para o trabalho no estrangeiro.Em 1932, no início dos seus estudos, resolveu retomar os treinos de Kendo, mas enganando-se no horário apresentou-se no dojo, quando a aula de Karatê estava a decorrer. Ficou de tal maneira entusiasmada, que foi convidado a voltar noutro dia para treinar.Os treinos decorriam sob a direção de Mestre Gichin Funakoshi e eram esgotantes, consistiam em 50 a 60 repetições da mesma Kata e treino de makiwara. Aproximadamente só 10 % dos estudantes continuavam mais de 6 meses.Para além das 5 horas diárias de aprendizagem das técnicas de Karatê, formou-se em cultura e língua chinesa.Em 1937, ao abrigo de um programa de intercâmbio, foi estudar para a Universidade de Pequim, e trabalhar para o governo chinês. Como se encontrava ausente, não participou na criação do primeiro dojo “Shotokan” e salvou-se dos horrores da 2º Guerra Mundial. Quando regressou ao seu país, finda a guerra, muitos dos seus colegas do Karate tinham morrido, e até o dojo tinha sido destruído num bombardeamento.Com o levantamento da proibição da prática do Karatê, pelas autoridades militares americanas, começa com outros alunos de Funakoshi a trabalhar na reorganização do Karatê.Em 1947, torna-se Instrutor Chefe da secção de Karatê da Universidade de Takushoku, passando mais tarde a ser o diretor de toda a parte de educação física da Universidade.Funda a JKA, e toma a seu cargo a elaboração dos programas técnicos da associação. Mais tarde, assume o cargo de Instrutor Chefe da Japan Karate Association.Em 1976, Sensei Masatoshi Nakayama, Diretor Técnico da JKA orienta um estágio em Portugal.Sensei Nakayama morreu em 14 de Abril de 1987, com 74 anos, deixando a JKA como a maior organização de Karatê do mundo.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Hieraquia do Karatê- Shotokan


A história do mestre Gichin Funakoshi se confunde com a própria história do Karatê, por isso a ele é creditado o título de "Pai do Karatê Moderno", devido aos seus esforços em divulgar essa arte para o mundo.
Os primeiros contatos com o Karatê
Gichin Funakoshi nasceu em Shuri, Okinawa, em 1868, o mesmo ano da Restauração Meiji.
Funakoshi era filho único e logo após seu nascimento foi levado para a casa dos avós maternos, onde foi educado e aprendeu poesia clássica chinesa. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo. Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karatê, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começou a tomar suas primeiras lições de Karatê.
Como na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa de mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso. Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um kata em três anos". Funakoshi estudava cada kata a fundo e, só então quando autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo...
Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karatê, mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os treinando kata, fazendo comentários sobre suas técnicas. Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida de mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karatê.
Após vários anos, a prática do Karatê deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karatê, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda a cultura adquirida desde a infância quando seus avôs lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.
O Karatê começa a ser ensinado nas escolas de Okinawa
Em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de Karatê. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de Karatê passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o Karatê só era praticado atrás de portas fechadas, o que, no entanto não significava que fosse um "segredo".
As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karatê como sendo um segredo àquela época, não era exatamente isso o que se encontrava na prática. O Karate era "oficialmente" secreto...
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate que não eram a favor da divulgação da arte, Funakoshi trouxe o Karate até o sistema público de ensino, com a ajuda de Itosu. Logo as crianças de Okinawa estavam aprendendo kata como parte das aulas de Educação Física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa virou moda, e as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.
Alguns anos depois, o Almirante Rokuro Yashiro assistiu a uma demonstração de kata. Essa demonstração foi feita por Funakoshi junto com uma equipe composta por seus melhores alunos. Enquanto ele narrava, os outros executavam kata, quebravam telhas, e geralmente chegavam ao limite de seus pequenos corpos. Funakoshi sempre enfatizava o desenvolvimento do caráter e a disciplina nas suas narrações durante essas demonstrações. Quando ele participava, gostava de executar o kata Kanku Dai, o maior do Karate, e talvez o mais representativo. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que iniciassem o aprendizado na arte.
Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana.
Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão. Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.
O Karate chega ao Japão
Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala em Okinawa e assistiu uma demonstração de Karate, liderada por Funakoshi, e ficou muito impressionado. Por causa disso, no final desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma demonstração de Karate em Tokyo, numa Exibição Atlética Nacional. Ele aceitou imediatamente, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar sua arte. Sua demonstração de kata foi um sucesso.
Funakoshi pretendia retornar logo para Okinawa mas, depois da exibição, ele foi cercado de pedidos para ficar no Japão ensinando Karatê.
Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano (foto ao lado), o fundador do Judo e presidente do Instituto Kodokan. Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações de suas técnicas no próprio Kodokan.
Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar à Okinawa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de Karatê em Okinawa e pediu que ele lhe ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.
Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o Karate propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida.
No Japão, Funakoshi foi ajudado por Jigoro Kano, o homem que reuniu vários estilos diferentes de Jujutsu para fundar o Judo. Kano tornou-se amigo íntimo de Funakoshi, e sem sua ajuda nunca teria havido Karatê no Japão. Kano o introduziu as pessoas certas levaram-o às festas certas, caminhou com ele através dos círculos sociais da elite japonesa. Mais tarde naquele ano, as classes mais altas dos japoneses se convenceram do valor do treinamento do Karatê.
Funakoshi fundou um dojo de Karatê num dormitório para estudantes de Okinawa, em Meisei Juku. Ele trabalhou como jardineiro, zelador e faxineiro para poder se alimentar enquanto ensinava Karate à noite.
O primeiro livro
Em 1922, a pedido do pintor Hoan Kosugi, Funakoshi publicou seu primeiro livro: "Ryukyu Kenpo Karatê", um tratado nos propósitos e prática do Karatê. Na introdução daquele livro ele já dizia que "...a pena e a espada são inseparáveis como duas rodas de uma carroça". O grande terremoto de Kanto em 1º de setembro de 1923 destruiu as placas de seu livro, e levou alguns de seus alunos com ele. Ninguém morreu com o tremor, os incêndios que provocaram as mortes. O terremoto ocorreu durante a hora do almoço, no momento em que cada fogão a gás no Japão estava ligado. Os incêndios que ocorreram a seguir eram monstruosos, e maioria da vidas perdidas se deveu ao fogo. Este livro teve grande popularidade e foi revisado e reeditado quatro anos após o seu lançamento, com o título alterado para: "Rentan Goshin Karate Jutsu".
Em 1925, Funakoshi começou a pegar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tokyo e nos anos seguintes esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar Karatê a estudantes destas escolas. Como resultado, o Karatê começou a se espalhar por Tokyo. No início da década de 30 haviam clubes de Karatê em cada universidade de prestígio de Tokyo. Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em Karatê desta vez? O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico. Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas. O seu número de alunos aumentou bastante.
Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas. Tanto o ataque de cinco passos (Gohon Kumite) como o de um (Ippon Kumite) foram usados. Em 1934, um método de praticar esses ataques e defesas com colegas de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre (Ju Ippon Kumite), foi adicionado ao treinamento. Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (Ju Kumite) com oponentes finalmente tinha começado. Até então, todo Karatê treinado em Okinawa era composto basicamente de kata. Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos kata uns com os outros sem causar danos sérios.
Neste mesmo ano de 1935, foi publicado seu próximo livro: "Karate-Do Kyohan". Este livro trata basicamente dos kata.
Uma reforma no Karate
Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto ele estava vivendo em Okinawa. Funakoshi era profundamente religioso. Ele tinha muito medo de que o Karatê se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos kata. Então, ele parou de fazer essas aplicações. Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do Karate técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.
Em 1936, Funakoshi mudou os caracteres Kanji utilizados para escrever a palavra Karate. O caracter "Kara" significava "China", e o caracter "Te" significava "Mão". Para popularizar mais a arte no Japão, ele mudou o caracter "Kara" por outro, que significa "Vazio". De "Mãos Chinesas" o Karate passou a significar "Mãos Vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma. Além disso, Funakoshi defendia que o termo "Mãos Vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato de o Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos. Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos kata, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto caipira (interiorano) de Okinawa. Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos kata. Ele estava certo, e seus números cresceram mais ainda.
Funakoshi tinha 71 anos em 1939, e foi quando ele deu o primeiro passo dentro de um Dojo de Karate em 29 de Janeiro. O prédio foi feito de doações particulares, e uma placa foi pendurada sobre a entrada e dizia: "Shotokan". "Sho" significa pinheiro. "To" significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas. "Kan" significa edificação ou salão. "Shoto" era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho dos pinheiros ondulando ao vento. Esse nome dado ao Shotokan Karatê Dojo foi uma homenagem de seus alunos.
A Segunda Guerra Mundial
Com a eminência de uma guerra pairando no ar, a necessidade de treinamento nas artes militares estava em crescimento. Jovens estavam se amontoando nos dojos, vindos de todas as partes do Japão. O Karatê foi de carona nessa onda de militarismo e estava desfrutando de uma aceitação acelerada como resultado.
Finalmente, no dia 7 de dezembro de 1941, o Japão comete seu grande erro. O bombardeio das forças navais americanas em Pearl Harbor fora a gota d'água. Numa tentativa de prevenir que as embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria-prima, os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência ocidental do próprio Oceano Pacífico. O plano era bombardear os navios de guerra e os porta-aviões que estavam no território do Hawaii. Isto deixaria a força da América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir a paz para prevenir a invasão do Hawaii e do Alasca. Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os recursos, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos. Com uma mão nas costas, os americanos destruíram completamente os japoneses na Ásia e no Pacífico.
Uma das vítimas dos ataques aéreos foi o Shotokan Karate Dojo que havia sido construído em 1939. Com a América exercendo pressão em Okinawa, a esposa de Funakoshi finalmente iria deixar a ilha e juntar-se a ele em Kyushu no Sul do Japão. Eles ficaram lá até 1947.
Os americanos destruíram tudo que estava em seu caminho. As ilhas foram bombardeadas do ar, todas as cidades queimadas até o fim, as colinas crivadas de balas pelos cruzadores de guerra de longe da costa, e então as tropas varreram através da ilha, cercando todo mundo que estivesse vivo. A era dourada do Karatê em Okinawa tinha acabado. Todas as artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças americanas.
Primeiro uma, depois outra bomba atômica explodiram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Três dias depois, bombardeiros americanos sobrevoaram Tokyo em tal quantidade que chegaram a cobrir o Sol. Tokyo foi bombardeada com dispositivos incendiários. Descobrindo que o governo do Japão estava a ponto de cometer um suicídio virtual sobre a imagem do Imperador, cartas secretas foram passadas para os japoneses garantindo sua segurança se eles assinassem sua "rendição incondicional". O Japão estava acabado, a Guerra do Pacífico também, mas o pesadelo de Funakoshi ainda havia de acabar.
A morte de Yoshitaka
Foi então que Gigo (foto ao lado), também conhecido como Yoshitaka, dependendo como se pronuncia os caracteres de seu nome, filho de Funakoshi, um jovem e promissor mestre de Karate no seu próprio direito, aquele que Funakoshi estava contando para substituí-lo como instrutor do Shotokan, pegou tuberculose em 1945 e veio a falecer enquanto teimosamente recusa-se a comer a ração americana dada ao povo faminto.
Funakoshi e sua esposa tentaram viver em Kyushu, uma área predominantemente rural, sob a ocupação americana no Japão mas, em 1947, ela morre, deixando Funakoshi retornar a Tokyo para reencontrar seus alunos de Karatê que ainda viviam. Depois que a guerra havia acabado as artes militares havia sido completamente banido. Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram sucesso em convencer as autoridades que o Karatê era um esporte inofensivo. As autoridades americanas concederam, mais porque naquela época eles não tinham idéia do que Karatê fosse. Além disso, alguns homens estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as proibições foram eliminadas completamente em 1948.
Em maio de 1949, o aluno de Funakoshi move-se para organizar todos os clubes de Karatê universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram de Nihon Karate Kyokai (Associação Japonesa de Karatê). Eles nomearam Funakoshi seu instrutor chefe. Em 1955, um dos alunos de Funakoshi consegue arranjar um dojo para a NKK.
Uma lição para o mundo
Em 1957, Funakoshi tinha 89 anos de idade. Ele foi um professor de escola primária e um professor de Karatê. Ele se mudou para o Japão em 1922 (o que não é um pequeno ato de coragem) e trouxe consigo o Karatê, dando ao Japão algo de Okinawa com seu próprio jeito pacifista. No processo, ele perdeu um filho, sua esposa, o prédio que seus alunos fizeram para ele, seu lar, e qualquer esperançam de uma vida pacífica. Ele suportou uma Guerra Mundial que resultou em calamidade nacional, e ele treinou seus jovens amigos e conheceu suas famílias apenas para vê-los irem lutar e serem mortos pelas forças invencíveis dos Estados Unidos. Ele viu o Japão queimar, ele viu os antigos templos e santuários serem totalmente aniquilados, ele viu bombardeiros enegrecerem o Sol, e ele viu como um pilar de fumaça negra subia de cada cidade no Japão e envenenava o ar que ele respirava. Ele viu o Japão cair da glória para uma nação miserável, dependendo de suprimentos de comida e roupas dos seus conquistadores. O cheiro da fumaça e o cheiro dos mortos, os berros daqueles que foram deixados para morrer lentamente, o choro das mães que perderam seus filhos e esposas que nunca mais iriam ver seus maridos, o medo, o ruído ensurdecedor dos B-29's voando sobre sua cabeça aos milhares, os clarões como os de trovões por todo o país quando as bombas explodiam em áreas residenciais, os flashes de luz na escuridão, a espera no rádio para poder ouvir a voz do Imperador pela primeira vez, somente para anunciar a rendição, a humilhação de implorar comida aos soldados. Intermináveis funerais, famílias arruinadas e lares destruídos...
A lição mais importante que ele nos ensinou está expressa na história do modo que ele passou pelo dojo principal de Jigoro Kano, o fundador do Judô. Caminhando pela rua, ele parou e fez uma pequena prece quando passou pelo Kodokan. E, se estivesse dirigindo um carro, ele tiraria seu chapéu quando passasse pelo Kodokan. Seus alunos não entenderam porque ele estaria rezando pelo sucesso do Judô. Ele explicou: "Eu não estou rezando pelo Judô. Eu estou oferecendo uma prece em respeito ao espírito de Jigoro Kano. Sem ele, eu não estaria aqui hoje".

Hieraquia do Karatê- Shotokan




Yasutsune Itosu

Yasutsune Itosu, nasceu em 1830 (ou 1832) na cidade de Yamagawa, em Shuri, Okinawa.
Aos 16 anos tornou-se discípulo de Sokon Matsumura de quem aprendeu as bases do Shuri-te (linha de To-de ensinada em Shuri) e o manejo do sabre (linha Jigen-ryu).
Letrado em nas línguas chinesa e japonesa foi secretário do rei de Okinawa até à queda da monarquia em Abril de 1879. Durante esse período aprende To-de (Okinawa-te) com outros Mestres da época como: Gusukama (de Tomari), Nagahama (de Naha) e Yasuri (discípulo de Iwah possivelmente de origem chinesa).
A partir de 1885 decide dedicar-se por inteiro ao ensino do Okinawa-te e em 1892 propõe a integração do To-de no sistema educativo de Okinawa.
Em 1901 introduz a prática do To-de (Okinawa-te) como disciplina de educação física na escola primária de Shuri.
Em 1907 cria os cinco Kata Pinan (com base no Kata Kushanku) e, num processo inovador, visando a adaptação do To-de (Okinawa-te) ao sistema educativo separa em três o kata Naihanchi (mais tarde denominada Tekki por Funakoshi), e cria três versões dos kata's Kushanku (Kwanku), Passai (Bassai) e Rohai.
O seu intenso trabalho de adaptação e codificação inspirou numerosos discípulos e seguidores que originaram importantes correntes do Karate moderno, tais como: Gichin Funakoshi e Kenwa Mabuni.
Porém, outros discípulos diretos de Itosu tais como Kentsu Yabu e Chosin Chibana não conseguem aceitar as profundas transformações que propõe e tentam manter as interpretações guerreiras (Bunkai) dos kata originais.
Outros discípulos diretos de Itosu foram: Choki Motobu, Chomo Hanashiro, Chotoku Kyan, Moden Yabiku, Shinpan Shiroma, Anbun Tokuda, Oshiro Chojo, Taoyama Kanken e Shigeru Nakamura.
Infatigável até aos últimos dias da sua vida Yasutsune Itosu morreu em 1916.

Hieraquia do Karatê- Shotokan


KOSAKU MATSUMORA


Sokon "Bushi" Matsumura (1796-1893) é creditada a formulação muito a recolha de karatê kata que compõem o currículo das práticas. Agüentado em Shuri, ele começou o treinamento dele dentro caratê-faça debaixo de lenda de caratê Sakugawa. Ele também treinou debaixo do adido Kusanku militar chinês. Matsumura serviu como chefe do exército e como retentor de tribunal para o rei das Ilhas de Ryukyu. Matsumura originou o kata de Pinewood Chinto e criou o estilo de caratê de Shorin - Ryu. Entre os estudantes notáveis dele era Yasutsune Azato, Yasutsune Itosu, Choshin Chibana, Choki Motobu e Chotoku Kyan.ue acompanhamos hoje.
Também é conhecido que ele serviu como um guarda de corpo aos últimos três Reis de Ryukyuan. Matsumura viajou a Fuchou e Satsuma como um enviado em negócios de estado. Em Fuchou ele visitou várias escolas de boxe chinesas e instruídas debaixo de militar prende Ason e Iwah. Em Satsuma Matsumura treinou na espada de Jigen-ryu sistema lutador debaixo de Mestre Yashichiro Ijuin. Depois de se aposentar, Matsumura ensinou caratê em aldeia de Sakiyama e Shuri.

Princípios do Karatê.

Antes de entrar no plano da técnica do Karatê, há que dar atenção aos princípios fundamentais, teóricos e práticos, do Karatê, que são de uma importância excepcional para quem se proponha abordar o estudo desta arte. Dividiremos estes princípios em duas partes: a parte física e a parte mental, embora as duas estejam intimamente ligadas. Com efeito, se aprender-mos a técnica do Karatê e não a executar-mos com o espírito, essa técnica é apenas um conjunto de sóbrios e belos movimentos, mas não o próprio Karatê. Por outro lado, o espírito sem a técnica, por muita intensidade que possua, jamais poderá ser eficaz no combate total.
Energia
Todas as técnicas do Karatê devem, depois de assimiladas, serem executadas a fundo, quase ferozmente, no sentido de libertar e acordar a energia latente. Esse é o meio de obter a explosão de força concentrada ao mais alto grau. Aqui, a vontade de cada um joga um papel mais importante do que a simples força muscular, ligadas sobre um fim especifico todas as reservas musculares e nervosas, sendo a tensão e a contração do tipo isométrico a base de obtenção de um poder, que cada um possui latente, mas que raramente é posto em execução. O potencial atlético é realmente importante em Karatê? - A resposta é não. O importante é a tensão posta no final da execução da técnica e ao mesmo tempo a coordenação de cada movimento. Aprendemos assim a bater com o punho ou com o pé na zona onde a concentração é máxima. O fator precisão na ação entra então em jogo.
Descontração
A tensão que cito acima atravessa, porém períodos relâmpagos de descontração. Pode parecer um paradoxo, mas na realidade é possível atingir uma tensão em descontração, que consiste num estado de espírito em que certos músculos e nervos se encontram instantaneamente prontos a intervir à mínima solicitação do "sentido",. E aqui digo sentido, pois não é o pensamento que intervém neste caso, nem mesmo o consciente. Esta é uma noção difícil de exprimir por escrito, pois é tão sutilmente intuitiva, que só quem a sente a pode compreender inteiramente. Com efeito, todo sabe a importância da "ligação" do bloco, da ação em bloco, e as "nuances" atravessadas, por exemplo, no recuo veloz do Kokutsu acompanhado da blocagem e a contração e descontração atravessada pelos membros inferiores e superiores ao passar ao contra ataque em força.
Respiração
As fases de força e fraqueza que o corpo atravessa são devidas à respiração. Quando expiramos, encontramo-nos vulneráveis a qualquer ataque. Dai o conselho de concentrar sempre a respiração no ataque e contrair a respiração abdominal no momento do impacto. Nunca, em Karatê, se deve agir de maneira desordenada. Uma perfeita coordenação e um perfeito equilíbrio são absolutamente necessários no que respeita à inspiração e expirarão. Daí ser por vezes monótono, para os iniciados, o tipo de treino inicial na posição zarem, onde se aprende, durante longo tempo, a respirar. Em combate de Karatê a respiração não deve transparecer ao adversário. A respiração deve ser discreta, exceto, é claro, no caso das respirações ventrais sonoras. Para o iniciado, o ler que a respiração pode ser executada com o ventre, pode parecer estranho. Aí entramos no campo do Karatê, pois a respiração pode exteriorizar-se por um grito gutural e breve, destinado mais a contribuir para a explosão de energia do que a assustar ou desorientar o adversário. Esse grito chama-se o "Kiai", que não é mais do que o estado de tensão interna que preside à execução do grito.
O Kiai
O Kiai pode ser sonoro ou silencioso e é um estado psicológico, mais do que um simples berro gutural. Ele é a expressão violenta duma tensão mental e física que atingiu o paroxismo, o apogeu. Esse grito é o símbolo da explosão da dinâmica física e facilita a concentração total na ação. O Kiai deve sair das profundezas dos abdominais e não unicamente das cordas vocais. O que a maioria dos iniciados, e mesmo certos cintos avançados, fazem julgando ser o Kiai é na maioria das vezes um simples grito prolongado que é mais ridículo do que inibidor do espírito adverso. O verdadeiro Kiai é usado com parcimônia e só nos momentos exato da ação total. Todavia é tão perigoso usá-lo descuidadosamente como prescindir dele, principalmente nos Katas Heians e Tekkis. O Karatê é a procura da sensação e não da beleza e perfeição do gesto. O próprio Kiai deve ser executado em sensação e não mecanicamente, como meio de marcação do exercício executado. A um nível mais avançado não é raro ver-se a paralisação do ataque oponente através do Kiai. Certos mestres e instrutores conseguem mesmo o desmaio do adversário, por meio do Kiai. O Kiai é um meio de inibição e ao mesmo tempo usado como reanimação por meio da aplicação da técnica do Kuatsu, (técnica de recuperação e reanimação de desmaio provocado por pancadas, luxações e projeções, etc.). Para chegar ao estado psicológico necessário à explosão do Kiai é, necessária não só uma execução intensa das técnicas, em potência, mas também uma disponibilidade de espírito e contração ventral que permita a explosão imediata da energia acumulada num instante preciso. Procurar, sobretudo, que o som provenha da parte baixa da região abdominal.
A Concentração
Sem verdadeira, positiva e treinada concentração mental, não há karateca válido, como atrás dissemos. Sem o espírito, a eficácia da técnica arrisca-se a severas e decepcionastes desilusões. O que é afinal a concentração em Karatê? Aqui abordo outro fato importante: o domínio pessoal, o chamado autodomínio. Ora um karateca deve, em todas as circunstâncias, ficar calmo, tranqüilo, sem qualquer atitude ou gesto ou contração visível que deixe adivinhar as suas intenções. Esse tipo de concentração deve e pode ser usado no treino do "dojo", e na vida quotidiana. Lembramos a máxima: aquele que está bem preparado, não o parece. Esta é a atitude do karateca. A tensão é dissimulada numa concentração disponível, sem a mínima excitação que deforme a realidade e impeça a percepção exata, instintiva, do acontecimento que se produza. Por outro lado parece um paradoxo entrar em ação com a energia explosiva do Karatê e manter o espírito lúcido e o sangue frio. Como conseguir essa maravilhosa indiferença frente à situação desesperada? Como conseguir esse vazio de espírito, esse desprendimento aparente, quando toda a energia física é desencadeada? A resposta só a podem os iniciados encontrar através da prática real do Karatê. A concentração está em contradição aparente com a disponibilidade de espírito uma vez que, frente ao adversário, o karateca não deve fixar nenhum ponto preciso para assim se aperceber e registrar imediata e intuitivamente a menor abertura na sua defesa. É certo que a maioria dos mestres e instrutores é unânime em aconselhar a concentração nos olhos do adversário para assim aperceber as suas intenções, mas o verdadeiro sistema, o ideal, é a concentração do olhar ao nível do meio dos olhos, conservando o olhar vago ou tentando olhar através do rosto, mas sem fixar as pupilas do oponente. Este método permite "sentir" o adversário da cabeça aos pés.

A ilha de Okinawa, O Berço.


A ilha de Okinawa foi, desde sempre, um ponto de contato entre a cultura chinesa e a cultura do Japão. É nesta ilha, sucessivamente conquistada pelos imperadores chineses e pelos senhores feudais japoneses, que o Karatê toma forma sob a qual o conhecemos hoje na Europa, embora dividido em cinco escolas fundamentais de que falarei mais adiante. Nessa época era proibido em absoluto aos habitantes da ilha, sob domínio japonês, o uso das armas. Mesmo as armas brancas eram interditas. Só os samurais invasores podiam fazer uso das suas. Destas interdições nasce o Okinawte-Te, misto da escola Kempo e de técnicas locais. Constituíram-se seitas secretas que praticavam secreta e intensamente, de noite, entre discípulos seguros. Pés e mãos transformavam-se em armas terríveis capazes de substituir os punhos e as espadas. As pontas dos dedos tornaram-se tão perigosas como facas. Os cotovelos e os joelhos adquirem a potência de matracas, dos maços de ferro. Os braços a solidez dos sabres. Nesse Karatê, todos os membros eram utilizáveis procurando, sistemática e rapidamente, uma eficácia absoluta e rápida. Os golpes são sistematizados á velocidade máxima. Os estrangulamentos, luxações, projeções do corpo ao solo foram totalmente abandonados, ficando como meios acessórios. Esta fase explica a diferença de eficácia entre o Karatê e o Jiu-Jitsu japonês, mais tarde substituído pelo Judô. Em cerca de 1900, o estudo do Karatê foi divulgado em Okinawa pelos mestres Itosu e Hihaona, já com caráter oficial e aberto. Depois o governo japonês, na pessoa dos ministros, convida os mestres a ensinar Karatê no Japão. É então que entre todos se destaca o mestre Gichin Funakoshi, como personagem de primeiro plano e figura de nível intelectual, mental e espiritual impar, como ainda hoje se venera o seu espírito para que presida ao trabalho em cada "Dojo". Esse homem de olhar repousante e firme de que vemos, na parede central de cada "Dojo" de Karatê, a fotografia. É ele que organiza a escola Shotokan, codificando as atuais formas de Karatê no Japão e insuflando a uma simples técnica a forma mental do Karatê como era praticado por Bodhidarma, associando o corpo e o espírito, como nas antigas formas do Kempo. Este espírito encontrou uma ressonância particular nos adeptos do Budismo-Zen e nos jovens japoneses plenos de espírito marcial do "Budo", caminho da perfeição humana através de uma das técnicas marciais (judo, Kendo, Aikido, Karatê e Sumo). Foi assim introduzido o Karatê no Japão atingindo o apogeu antes da guerra. Foi, contudo a guerra que atingiu mais duramente o Karatê. Com o espírito indomável do Karatê, milhares de instrutores tombaram no fogo. Dezenas foi o famoso kamikaze, que enfrentaram serenamente e com prazer a morte contra os torpedeiros americanos. O próprio filho de Gichin Funakoshi morreu de fome, recusando as rações americanas do após guerra. Dezenas de instrutores treinavam a população de maneira a fazer frente a um desembarque americano nos constas do Japão, submetendo os civis a um treino sem limite. Quem conhece a história dessa guerra mortífera decerto recorda a superioridade tremenda da guerrilha japonesa nas ilhas ocupadas. O período de após guerra, mais calmo, e com a morte de velhos mestres (Funakoshi morreu com a idade de 88 anos), serviu para dividir os estilos. Os discípulos separam-se para ensinar, muitas vezes longe da disciplina e da técnica de origem.

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